Vendedora é demitida após desabafo sobre comissão no Twitter: 'Exploração'

Foto: Reprodução/acervo pessoal

A vendedora carioca Raquel Silva Romualdo, 37, acordou neste sábado (19) com a notícia de que tinha sido demitida por causa de uma publicação no Twitter. O desabafo que ela fez na plataforma sobre os valores de comissão que recebia trabalhando em uma loja de sandálias viralizou, e a patroa informou que ela não precisava mais comparecer ao trabalho.

"Nem sei se é bom ou ruim, mas acho que foi até livramento de Deus", disse. "É muito esculacho o que fazem com vendedores."

A carioca trabalhava nesta loja em um feirão das malhas Rio de Janeiro, em Duque Caxias, há mais de dois anos. "É ridículo você trabalhar em uma loja vender quase R$ 40 mil e ganhar 193,00 reais de comissão. E o preço de uma sandália que eu vendo, vocês têm noção?", publicou.

A Universa, a vendedora disse que a indignação veio de uma promessa não cumprida por aumento. "Eu já cheguei a vender R$ 60 mil para ela no ano passado e recebi R$ 300. Na quinta, quando fechamos o valor de comissão do mês, calculamos que vendi R$ 38,7 mil reais e iria receber R$ 193 — mas eles queriam ainda descontar o valor da taxa das vendas feitas pela máquina de cartão de crédito. Fiquei indignada", contou.

"Desde que entrei lá, minha patroa sempre dizia que nossa comissão seria de o,5%, mas que ela iria melhorar. Ela me pagava R$ 1,2 mil salário mais a comissão, para trabalhar três vezes na semana. Eu ando pago 11 reais para chegar até lá, moro na Penha. O tempo foi passando e este aumento nunca veio, então fiz esse post como desabafo, sem mencionar o nome dela ou da loja."

A publicação na sexta-feira (18) recebeu mais de 65 mil curtidas e mais de 1,3 mil comentários no Twitter. E chegou até a patroa de Raquel. "Hoje de manhã tinha várias mensagens dela para mim, dizendo que eu sou preguiçosa, que ela estava se sentindo traída e que eu deveria ficar em casa e não precisava trabalhar mais", relata a vendedora.

"Eu acho que viralizou porque as pessoas se identificaram e acho que muita também se indignou. Vendedora é muito esculachada. Mas temos que ser valorizadas porque não é o patrão quem vende, muitas vezes ele nem está na loja. Quem conversa com os clientes somos nós."

Ela conta que, desde então, tem recebido muitas mensagens de outras trabalhadoras relatando a mesma situação.

Quando foi demitida, Raquel não era contratada CLT e estava trabalhado por diária, R$ 100 por dia trabalhado. Ela diz que não pretende voltar ao emprego antigo, já que depois da repercussão sua patroa a procurou, e está desiludida com o setor de comércio.

"Não vou voltar a trabalhar lá porque sei que nada vai mudar. Tenho filho de 8 anos, meus pais para cuidar, eu sei meu valor. A base de uma loja é o vendedor, a gente tem que se valorizar. Eu sou uma ótima vendedora, imagina o que eu não faria se ela não me pagasse uma comissão de 2%?", questiona Raquel que conta que já trabalhou em outras redes grandes de departamento, também em condições ruins de trabalho.

"É uma exploração. E acho que ela me explorava mais porque sabia que eu precisava desse emprego. Mas precisamos nos valorizar mais.",

Rute Pina  (Universa, São Paulo)

Fonte: Entretenimento

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